Cadastro realizado na área de influência de barragens norteia plano inovador de contingenciamento

Foto: Carol Lacerda

O Plano Municipal de Segurança de Barragens (PMSB) está desenvolvendo o Plano de Contingenciamento Integrado (Placon-i). Este é um modelo inédito no Brasil de planejamento preventivo, criado pela Prefeitura de Congonhas e seu órgão de Defesa Civil em ação conjunta com as empresas CSN Mineração, Gerdau, Vale e gestão da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba (Adesiap). O objetivo é garantir segurança aos moradores das áreas de influência das estruturas de contenção de rejeito ou acúmulo de água, como daqueles locais suscetíveis a enchentes, deslizamentos de encostas, incêndios e acidentes viários.Para nortear a elaboração deste plano e cumprir a legislação, foi realizado o cadastramento socioeconômico da população que mora ou trabalha em áreas localizadas na Zona de Autossalvamento (ZAS) das 17 estruturas situadas em Congonhas e no seu entorno. Informações coletadas pela Defesa Civil, no decorrer dos anos, acerca de eventos a que o município está sujeito complementam este trabalho.

 

Após ampla campanha de divulgação feita pelos veículos de comunicação e redes sociais, equipes da empresa Integratio Mediação Social e Sustentabilidade Ltda., com suporte oferecido pela Defesa Civil Municipal, aplicaram 19.206 questionários a indivíduos e família que ocupam imóveis residenciais, comerciais, industriais, rurais, religiosos, públicos, entre outros. O trabalho aconteceu durante 5 meses, entre o final de 2021 e o início de 2022.

 

A área avaliada durante o cadastramento socioeconômico foi definida após a sobreposição das Zonas de Autossalvamento destas 17 barragens. O resultado é a simulação do cenário mais extremo, que abrange todas as áreas de influência dessas estruturas.

 

O PMSB e a empresa contrataram cadastradores em Congonhas, a fim de facilitar o acesso às áreas de pesquisa, a comunicação com os moradores e de fomentar a economia local.

Crédito: Integratio/Cadastramento Socioeconômico 2021

O Placon-i irá integrar os planos de segurança de barragens das empresas e o Plano Municipal de Continência (Placon), estabelecer sistemas de monitoramento contínuo e orientar as estratégias e condutas de segurança e prevenção de acidentes. “A cultura de prevenção ainda está sendo construída no Brasil, onde, até então, existiam somente estudos isolados referentes a algumas barragens. Em Congonhas, as áreas de influência destas estruturas são comuns e acompanham os vales e os leitos naturais dos rios. Em virtude da declividade da cidade e de seu desenvolvimento junto aos cursos d’água, o Placon-i já é concebido considerando eventos como alagamentos, inundações, deslizamentos de encostas e outras situações emergenciais. Com esta união das empresas e município em torno de um plano de contingenciamento de defesa civil, os resultados serão bem mais satisfatórios para todos”, analisa Diego Fidelis, Engenheiro Ambiental e Analista de Projetos da Integratio, que participou de todas as etapas do cadastramento socioeconômico.

 

Entre os dados apontados pelo cadastramento estão a localização e características das propriedades, como situação das moradias, presença de benfeitorias, criações de animais, produções agrícolas e recursos naturais nelas; o número de pessoas que ocupam estes imóveis; características das famílias como fontes de renda, pessoas com deficiência e com dificuldades de locomoção; meios de comunicação e transporte utilizados; tipos de estabelecimentos, formas de funcionamento deles e características dos funcionários em relação a deficiências e dificuldades de locomoção.

Crédito: Integratio/Cadastramento Socioeconômico 2021

De acordo com o relatório, foram pesquisadas 4.604 famílias e cadastradas 12.289 pessoas tanto através do questionário socioeconômico quanto pelo questionário individual. Destes, 6,52% relataram que têm dificuldades para se locomover. Muitos dos casos estão vinculados a deficiências e doenças ou à idade avançada de alguns pesquisados. Dos estabelecimentos cadastrados, somente 1,82% dos funcionários possuem dificuldade de locomoção.

 

Outra preocupação do Plano Municipal de Segurança de Barragens (PMSB) e exigência da legislação é com a fauna e criadores de animais. Segundo os dados coletados, 12% dos imóveis cadastrados possuem animais de criação, que são aqueles usados para consumo e/ou comércio. Já em 41,25% dos imóveis cadastrados, existe pelo menos um animal de estimação no local.

Diego Fidelis, analista de projetos da Integratio. Foto: Fred Vianna

“O Plano de Contingenciamento Integrado utiliza os dados obtidos pelo cadastramento socioeconômico para definir o número de vagas necessárias em abrigos provisórios de humanos, de animais domésticos e de criação, para uso em situações de crise, como também o contingente hospitalar necessário para atender a demanda da comunidade. Então o cadastramento é a primeira etapa e norteia todas as posteriores”, explica Diego Fidelis.

O Placon-i contempla também o Plano de Evacuação Integrado, que estabelece ponto de encontro e suas respectivas rodas de fuga, entre outros elementos de autoproteção para cada comunidade identificada pelo cadastramento socioeconômico na área de influência das 17 barragens. A Instrução Técnica 01/2021 da CEDEC/MG [Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais] é a principal referência para a elaboração do plano de evacuação. As áreas de cada ponto de encontro precisam comportar o número de pessoas afetado daquela comunidade. Ou seja, este não pode ser superior a três indivíduos por metro quadrado. Uma área de 5 m² por 5 m² (25 m²) pode ser ocupada por, no máximo, 75 pessoas.

 

Em breve, começará a instalação de placas de sinalização por toda a área de influência das barragens, e, em seguida, serão realizados treinamentos e simulados com a participação das comunidades para testar o Plano de Evacuação Integrado. Este unificará os planos de evacuação individuais das três grandes mineradoras instaladas no município e seu entorno.

Corpo de Bombeiros acompanha projetos que permitirão trabalho integrado com Defesa Civil e SAMU

Estão em andamento os trabalhos para a construção do Centro de Comando e Operações da Defesa Civil de Congonhas. A Coordenação do Plano Municipal de Segurança de Barragens (PMSB), a Prefeitura de Congonhas e o Corpo de Bombeiros cuidam de etapas preparatórias para o início das obras deste local que integrará as operações das unidades emergenciais daquela Corporação Militar, da Defesa Civil e do SAMU. O local disponibilizado pelo município para estas instalações fica do lado do IFMG/Campus Congonhas, no bairro Campinho. O Corpo de Bombeiros já está acompanhando o processo de criação de projetos, o que ocorrerá também no período das obras.

 

A construção do Centro de Comando e Operações da Defesa Civil é uma das etapas de implementação do Plano Municipal de Segurança de Barragens, proposto pela Prefeitura e que conta com a adesão voluntária das empresas CSN Mineração, Gerdau e Vale. O objetivo principal é promover a máxima segurança para as comunidades que se localizam em áreas de influência destas estruturas.

 

Este será um espaço físico dotado com equipamentos adequados e profissionais qualificados, que se tornará ponto de referência para monitoramento, gestão e coordenação de ações emergenciais em Congonhas, mas que poderão ocorrer em cooperação com municípios da região.

 

Para o Major Maycon Elias Alfim, Comandante da 2ª Companhia Independente do Corpo de Bombeiros, a integração entre esta Corporação Militar, o SAMU e a Defesa Civil de Congonhas é uma ação que potencializará a atuação dos órgãos envolvidos em prol da comunidade assistida. E acrescenta: “As condições de trabalho em instalações físicas e logísticas adequadas contribuirão para o aprimoramento dos profissionais de cada órgão envolvido, o que irá propiciar um desenvolvimento dos trabalhos individuais e integrados”.

 

Além de oferecer qualificação aos profissionais envolvidos, o Centro de Comando e Operações da Defesa Civil será local de referência para capacitação, treinamento e engajamento do público, com destaque para membros dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC’s).

 

Será estabelecido um canal oficial aberto e direto com a comunidade, em condições de prestar, a qualquer momento, esclarecimentos necessários para manter a ordem e a tranquilidade das pessoas.

 

O Centro de Comando e Operações da Defesa Civil estará ligado permanentemente aos Centros de Monitoramento Geotécnicos de cada empresa. Haverá também troca de informações contínuas com a Agência Nacional de Mineração (ANM), Fundação Estadual de Meio Ambiente e a Coordenadoria da Defesa Civil do Estado de Minas Gerais.

 

As autoridades e a população poderão ter acesso a informações e boletins diários sobre as condições de estabilidade das barragens, imagens em tempo real dessas estruturas e outros pontos de interesse, além de condições meteorológicas, nível dos rios e monitoramento de encostas.

 

Desta forma, as autoridades terão como tomar decisões adequadas, definirem uma situação como emergencial ou não, o que facilitará, por exemplo, o combate às informações falsas (fake news), que tanto prejudicam a vida das pessoas.

 

“Esta é uma ótima iniciativa da Prefeitura e das empresas mineradoras, que contribuirá de forma bem significativa para o trabalho do Corpo de Bombeiros, quando houver a disponibilidade dos equipamentos e viatura já adquiridos. Bem como a construção de instalações adequadas para os nossos militares que atuam no Posto Avançado de Congonhas. Aguardamos com bastante expectativa o término dos embaraços burocráticos para que estas importantes ações sejam finalizadas”, complementa o Major Maycon Elias Alfim, Comandante da 2ª Companhia Independente do Corpo de Bombeiros.

 

O PMSB, por meio da CSN Mineração, Gerdau e Vale, já entregou à Prefeitura de Congonhas para uso do Corpo de Bombeiros uma viatura, além de um desencarcerador e quatro kits completos de Equipamento Autônomo de Proteção Respiratória com cilindro de oxigênio e máscara. Este repasse ainda não foi feito ao Posto Avançado do Corpo de Bombeiros e aguarda o trâmite burocrático do Município. Antes, duas caminhonetes de apoio haviam sido entregues à Defesa Civil de Congonhas e já estão em uso”.

Bombeiros receberam treinamento para operar novos equipamentos

Na última quinta-feira (2/12) os bombeiros militares do Posto Avançado do CBMMG em Congonhas receberam as instruções técnicas para operar novos equipamentos que foram adquiridos através de financiamento do PMSB. A equipe recebeu um Desencarcerador e 4 kits completos de EAPR (Equipamento Autônomo de Proteção Respiratória) com cilindro de oxigênio e máscara.

 

Esses equipamentos são os mais modernos disponíveis no mercado e vão facilitar o trabalho dos bombeiros, como comenta o Tenente João Victor: “a tecnologia avançada e os recursos inteligentes desses equipamentos são fatores que irão agilizar a nossa atuação, tornando o resgate mais seguro e eficiente”.

 

O desencarcerador é uma ferramenta de grande utilidade, que contribuirá para os resgates em casos de acidentes na região. “Congonhas está localizada em um trecho bastante movimentado da BR 040, onde infelizmente acontecem muitas ocorrências com veículos envolvendo vítimas, muitas vezes presas nas ferragens. Com essa ferramenta, fica muito mais fácil socorrer as pessoas de forma eficaz e assim aumentar as chances de sobrevivência dos envolvidos”, afirma o Tenente.

Os EAPR’s são adaptados com dispositivos que aumentam a segurança do bombeiro nas operações. “Além de mais leve e de fácil manuseio, esse modelo é também muito mais seguro. Ter um equipamento desse à disposição deixa a corporação muito mais confiante para realizar atendimentos”, comenta João Victor.

 

Equipar o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Município é uma das diretrizes do Plano Municipal de Segurança de Barragens. Estabelecer uma política de prevenção envolve preparar as instituições de segurança civil para que elas estejam prontas para atender a população caso seja necessário.

 

Dentro dessa mesma diretriz, além dos equipamentos que já foram disponibilizados, uma nova viatura foi adquirida e será doada ao Posto Avançado do CBMMG em Congonhas. A entrega está prevista ainda para esse mês. Além disso, o Posto Integrado, onde irão se instalar os Bombeiros e a Defesa Civil, será construído no município. A localização estratégica e a área com espaço para treinamentos será um grande diferencial para proporcionar melhores condições de trabalho e, consequentemente, mais segurança para a população.

Nilmara Soares, coordenadora de projetos da Adesiap, que intermediou a compra dos equipamentos, destaca a importância dessas ações para a corporação: “atualmente, apenas com recursos públicos, seria bem complicado para o Corpo de Bombeiros adquirir equipamentos de ponta como esses. A parceria entre as empresas que compõem o PMSB e a Prefeitura foi  fundamental para aprimorar o trabalho da corporação e oferecer maior segurança ao cidadão. A Adesiap trabalhou arduamente para negociar melhores condições de compra e valores e viabilizar a aquisição dos equipamentos”. 


O Plano Municipal de Segurança de Barragens é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Congonhas com o apoio da Vale, CSN e Gerdau e gestão da Adesiap. Para conhecer melhor as ações que estão sendo desenvolvidas acesse nosso site.

Agora é a vez dos animais de produção

No mês de novembro, a Prefeitura de Congonhas deu início a mais uma etapa importante para a construção do Plano Municipal de Segurança de Barragens – PMSB, uma política pública pioneira no país para a prevenção de desastres e enfrentamento a situações de emergência.

 

Entre os meses de julho e outubro foi realizado o cadastramento socioeconômico de todas as famílias inseridas nas áreas de influência, zonas de risco e auto salvamento que foram definidas em relatórios preliminares. Agora é a vez do cadastramento dos animais de produção. São considerados animais de produção aqueles criados para fins de alimentação humana e outros subprodutos, como produção de carne, leite, ovos, mel e etc.

 

Essa produção, muitas vezes, contribui para o orçamento familiar. Por isso, é importante que esse cadastramento seja feito para que a realidade destas famílias sejam conhecidas e medidas de proteção da produção e, consequentemente, da renda familiar, sejam adotadas em casos de perdas provocadas por acidentes ou desastres ambientais.

 

Os agentes da empresa CLAM Soluções Ambientais estão realizando o cadastramento a partir de um questionário simples e rápido. Todos os funcionários da empresa estão devidamente uniformizados e identificados, além de estarem utilizando máscaras de proteção contra a Covid-19.

 

Até o mês de dezembro, o cadastramento ocorrerá em mais de 20 bairros e distritos. A expectativa é de que o trabalho seja concluído até o dia 20. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Defesa Civil pelo telefone (31) 3731-4133.